Biografia [Biography]

Mucki Botkay

(Rio de Janeiro, 1958)

 

Mucki Botkay sempre buscou a cor. Após cursar, ao fim da década de 1970, artes decorativas na École Supérieure des Ensembliers, em Genebra, volta ao Brasil e explora as cores inicialmente no campo da moda e dos utilitários. Trabalha com diversos estilistas e funda a sua própria marca, até que decide mergulhar na criação de obras de arte. O trabalho com estamparia evolui, então, para composições a partir do tingimento e da costura de recortes de tecido sobre tela. A entrada do bordado em sua obra abriu espaço, por sua vez, para os experimentos com miçangas, que resultaram no estágio atual da sua produção.

 

O curador Leonel Kaz identifica a prática de Mucki, hoje, como uma pintura feita não por meio do pincel, mas por meio das miçangas de vidro que são tingidas de acordo com a paleta da própria artista. Inspirada pela exuberância da formas e cores encontradas na natureza, a artista cria peças que aguçam não só a visão, mas também o tato, pelo movimento e textura alcançados através dos bordados com as contas de vidro.

 

As paisagens naturais do litoral do Rio de Janeiro e da Bahia, segundo lar de Mucki há mais de vinte anos, são reverenciadas em seu trabalho. A artista traz para a sua pintura com miçangas formas e cores presentes em diversos ecossistemas dentro da Mata Atlântica, como  manguezais, lagunas e restingas. Criando composições que por vezes remetem a mestres da tapeçaria como Genaro de Carvalho e Roberto Burle Marx, Mucki não só reencena a natureza, como também estica a figuração de modo a flertar com abstração. Em uma espécie de zoom in, a artista vai ao detalhe da paisagem, depurando-a até de repente tornar o real abstrato. Essa decomposição da natureza em formas e cores é um convite à contemplação e à imaginação de um universo vivo e abundante. Por isso as obras de Mucki são como janelas imaginárias, título da sua primeira exposição individual apresentada pela Galatea em Salvador.

 

Através de colaborações com bordadeiras da cidade do Rio de Janeiro e de Ilhéus, na Bahia, suas obras não só celebram a cultura e arte local, mas também proporcionam o empoderamento de uma rede de mulheres em situação de vulnerabilidade social, ao gerar uma fonte adicional de renda para as suas famílias. Assim, além de ser um trabalho repleto de memórias afetivas, que captura a riqueza cultural e natural brasileira, ele combina arte e impacto social, oferecendo a oportunidade de crescimento econômico para mulheres talentosas provenientes de contextos vulneráveis.

Obras [artworks]
Redemoinho [Whirl], 2022
Art Fairs