Biografia [Biography]

Marília Kranz nasceu e viveu na cidade do Rio de Janeiro, cuja paisagem é assunto
recorrente em sua obra. Desenhando desde a infância, inicia aos 17 anos seus estudos
formais em arte, cursando pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em
1956, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, onde estuda durante três anos. Passa,
ainda, pelos ateliês de Catarina Baratelli (pintura, 1963-66) e Eduardo Sued (gravura,
1971).


Em um primeiro momento de sua produção, até meados da década de 1960, Kranz se
dedica ao desenho e ao estudo da pintura. Na sequência, começa a produzir relevos
abstratos em gesso, papelão e madeira, que integraram a sua primeira exposição
individual, em 1968, na Galeria Oca, no Rio de Janeiro. Em 1969, ao retornar de viagens
que fez à Europa e aos Estados Unidos, passa a produzir os relevos a partir da técnica
de moldagem a vácuo com poliuretano rígido, fibra de vidro, resina e esmaltes
industriais; além das esculturas com acrílico cortado e polido, chamadas de
Contraformas.


Kranz inova ao produzir quadros-objetos a partir da técnica de vacum forming, pouco
difundida no Brasil naquela época, até mesmo no setor industrial. Além disso, o
conteúdo dos trabalhos também guarda forte caráter experimental. Segundo o crítico
de arte Frederico Morais, a formas abstratas e geométricas exploradas nestas obras e
na produção de Marília como um todo se aproximariam mais de artistas como Ben
Nicholson, Auguste Herbin e Alberto Magnelli do que das vertentes construtivistas de
destaque no Brasil, como o Concretismo e o Neoconcretismo.


A partir do ano de 1974, Kranz retoma a prática da pintura, trazendo para o centro da
tela elementos constituintes das suas paisagens preferidas no Rio de Janeiro.
Comparada a artistas como Giorgio de Chirico e Tarsila do Amaral, os seus cenários e
figuras geometrizados, beirando a abstração, contêm solenidade e erotismo ao mesmo
tempo. Os tons pasteis, por sua vez, tornam-se a sua marca. “A cor cede diante da
intensidade luminosa”, diz Frederico Morais. Ao observarmos as flores e as frutas que
protagonizam com grande sensualidade várias de suas pinturas, pensamos também em
Georgia O'Keeffe, considerada por Kranz sua “irmã de alma”.


A artista carioca é também conhecida pela defesa da liberação sexual feminina e da
liberdade política durante a ditadura militar no Brasil, além da luta pelas causas
ambientais, atuando como uma das fundadoras do Partido Verde em 1986.
Marília Kranz expôs em galerias e instituições nacionais e internacionais e recebeu
inúmeros prêmios pelas suas pinturas e esculturas, entre eles: o prêmio em escultura
do 13o Panorama de Arte Atual Brasileira, em 1981, e o prêmio de aquisição do Salão de
Artes Visuais do Estado do Rio, em 1973. Em 2007, contou com a exposição
retrospectiva Marília Kranz: relevos e esculturas no Museu de Arte Moderna do Rio de
Janeiro, ocasião em que foi lançada a monografia Marília Kranz, escrita pelo crítico de
arte Frederico Morais, que acompanhou a artista durante toda a sua carreira.

Obras [artworks]
Testemunha do sol, 1968
Exposições [exhibitions]