Carolina Cordeiro 1983
Carolina Cordeiro nasceu em Belo Horizonte, capital do estado de Minas Gerais, em 1983. Lá, formou-se em Desenho pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, em 2008. Concluiu, em 2014, seu mestrado em Linguagens Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ, e, em 2021, seu doutorado no departamento de Artes da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – USP, com período sanduíche no Chelsea College of Art and Design, em Londres. Atualmente, vive e trabalha em São Paulo.
A sua relação com o fazer artístico partiu do desenho, técnica que explorou desde cedo e estudou formalmente. Hoje, em seu processo criativo, ele opera a passagem de um projeto do papel ao mundo e às diferentes linguagens experimentadas pela artista. Já em sua primeira individual, Quase é um lugar que existe (2006), Carolina Cordeiro reúne desenho, fotografia e objeto em um diálogo amarrado e em uma relação de complementaridade. De lá para cá, a sua produção mostrou-se cada vez mais plural em termos de suporte e cada vez mais interessada em se desenvolver a partir da influência e dos recursos que o ambiente onde se dá pode oferecer.
Sendo a sua pesquisa baseada em processos imersivos, Cordeiro defende uma relação de contaminação com a paisagem. O seu trabalho não apresenta, portanto, simples intervenções no espaço, mas também o quanto o espaço e os elementos que o compõem atuam sobre a artista e se desdobram em sua obra. Uma noite a 550km daqui (2010-2017), instalação com feltro e carrapicho, demonstra bem esse princípio. Seu título se refere à distância entre o Ateliê Fidalga, um dos lugares onde a obra foi exposta, e um município de Minas Gerais, no Brasil, onde a artista recolheu as sementes de Xanthium cavanillesii, popularmente conhecidas como carrapichos. Com essas sementes, que têm o poder de se dispersar por se agarrarem nos pelos dos animais, criou um céu estrelado fixando-as em feltro azul escuro. O título do trabalho marca, ao mesmo tempo, a distância e a conexão que ele opera entre dois espaços, podendo variar de acordo com o local em que é montado, sempre tendo como referência a sua origem – uma cidade em Minas Gerais.
Os títulos, a propósito, são de grande importância na obra de Carolina Cordeiro. O seu interesse pela poesia e pela música popular brasileira seriam responsáveis por isso. América do Sal (2021) e As impurezas do branco (2019), por exemplo, fazem referência a dois poetas brasileiros consagrados, respectivamente, Oswald de Andrade e Carlos Drummond de Andrade. A relação com o cancioneiro popular influencia até mesmo a escolha de materiais, como ocorre com o zinco nos trabalhos Sem título (2019), que consiste em placas de zinco cortadas como cartas de baralho com as quais se fazem castelos, e Dizem que há um silêncio todo negro (2019), instalação feita com uma placa de zinco perfurada que joga tanto com a passagem da luz quanto com o imaginário da violência.
O aspecto coeso da pesquisa de Cordeiro se mostra na interpenetração dos temas e materiais e em como um projeto não implica no abandono do outro, mas se estende no outro. Entre o trabalho das assadeiras (Sem título), de 2009, que segue sendo montado, e Paisagem, de 2019, pode-se estabelecer diversas conexões, como a economia de linguagem, o interesse geométrico e um grande fundo simbólico – como a vida doméstica ou a terra vermelha da cidade da natal
Em 2021, Carolina Cordeiro fundou, junto com os artistas Bruno Baptistelli, Frederico Filippi e Maíra Dietrich, a Galeria de Artistas, projeto criado por e para artistas como meio de experimentar novas forma de inserção no mercado. Em 2020, foi indicada ao prêmio PIPA. A artista participou de diversas residências artísticas nacionais e internacionais, entre elas: CASCO: Programa de integração arte e comunidade, Rio Grande do Sul, Brasil, 2020; Pivô Arte e Pesquisa, São Paulo, Brasil, 2019; Red Bull Station, São Paulo, Brasil, 2016; Homesession, Barcelona, Espanha, 2011; GlogauAIR Art Residency Berlin, Berlim, Alemanha, 2009.
Entre suas exposições, destacam-se as individuais: América do Sal, Galeria de Artistas – GDA, São Paulo, 2021; Dizem que há um silêncio todo negro, Auroras, São Paulo, 2019; Una nit a 8360 km d’aquí, Àngels Barcelona, Espanha, 2018; Carolina Cordeiro, Ciclón, Santiago de Compostela, Espanha, 2018; Entre, Memorial Minas Gerais Vale, Belo Horizonte, 2013; Carolina Cordeiro, Homesession, Barcelona, Espanha, 2011. E as coletivas: Semana sim, semana não, Casa Zalszupin, São Paulo, 2022; Lenta explosión de una semilla, OTR. Espacio de arte, Madri, Espanha, 2020; I remember earth, Le Magasin des horizons, Grenoble, França, 2019; Estratégias do Feminino, Farol Santander, Porto Alegre, 2019; Agora somos mais de mil, Parque Lage, Rio de Janeiro, 2016; Blind Field, Krannert Art Museum, Champaign, Illinois, EUA, 2013.
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