Dona Fulô e outras joias negras: Curated by: Carol Barreto, Eneida Sanches e Marília Panitz | MAC Bahia - Salvador
A exposição, uma iniciativa singular, se destaca pelo mergulho profundo na história do Brasil dos séculos XVIII e XIX, em especial na Bahia dos tempos de Colônia e Império. Ela é uma homenagem às escravas alforriadas que, através de sua resistência e resiliência, mantiveram viva a ancestralidade africana, integrando-a de maneira transgressora ao contexto cultural brasileiro.
"Dona Fulô e Outras Joias Negras" é composta por uma rara e valiosa coleção de joias crioulas e se inspira no livro “Preciosa Florinda”, organizado pelo renomado colecionador Itamar Musse, pelo editor Charles Cosac e pelo historiador Eduardo Bueno. A mostra não apenas exibe essas peças de grande valor histórico e cultural, mas também convoca uma reflexão sobre a prática sincrética das alforriadas, que combinaram elementos africanos e europeus em suas vestimentas e adornos, resultando em uma fusão que precede a antropofagia oswaldiana do início do século XX. Dona Fulô e outras joias negras faz referência aos objetos joias da coleção e a outras joias: as obras de arte contemporânea que inscrevem poeticamente a construção das falas negras na atualidade. Serão apresentados 23 artistas contemporâneos com mais de 100 obras num desdobramento das relações entre os séculos.
Esta é uma oportunidade única de revisitar a história de mulheres negras que, durante anos, foram silenciadas pela historiografia oficial. A exposição busca, portanto, não apenas exaltar a beleza das joias crioulas, mas também dar voz às histórias de resistência, empreendedorismo e preservação cultural dessas mulheres, como Dona Florinda e tantas outras que marcaram a história do Brasil."
A mostra tem curadoria de Carol Barreto, Eneida Sanches e Marília Panitz.