Heitor dos Prazeres é meu nome: CCBB – Rio de Janeiro | curadoria: Pablo León de la barra, Raquel barreto e Haroldo Costa

28 Junho - 18 Setembro 2023
Apresentação

 

 Uma das maiores retrospectivas de Heitor dos Prazeres (1898-1966) no país, "Heitor dos Prazeres é meu nome" reúne mais de 200 trabalhos do artista no campo visual, musical, do samba e da moda. Sua obra é iniciada no período pós-abolição, em que se estabeleceram as bases da cultura nacional, muito influenciada pela matriz afro-brasileira. O patrocínio é do Banco do Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. 

 

Pinturas, canções, partituras, projetos, desenhos, discos e indumentárias marcam a trajetória de Heitor dos Prazeres e sua relação com diferentes esferas da produção cultural. Importante sambista, compositor e instrumentista, ingressou nas artes visuais produzindo trabalhos que refletem a realidade pós-escravagista da população negra. No momento em que as elites do Rio de Janeiro e do Brasil estavam voltadas para os valores do branco europeu, da matriz colonialista, o artista, em sentido oposto, reproduzia em suas obras o que via e experimentava nas vivências como homem negro: os fluxos migratórios de africanos e seus descendentes, a mudança do campo para a cidade, a religiosidade, a repressão policial, a capoeira, o samba, a afetividade, entre outros temas. Tamanha a relevância de sua obra, instigante e inovadora, animada pelo protagonismo do negro na sociedade brasileira, e suas aspirações de liberdade e igualdade, que o artista veio a ser cassado pelo Ato Institucional nº 1, de 1964. 

 

Como sambista, desempenhou papel fundamental na criação de blocos e ranchos e na fundação das primeiras escolas de samba do Rio de Janeiro: Mangueira, Portela e Deixa Falar, que mais tarde ganhou o nome de Estácio de Sá. Frequentador da casa de Tia Ciata, compôs com Noel Rosa a famosa canção "Pierrô Apaixonado" e muitas outras de autoria própria, e conviveu com baluartes como Cartola, Paulo da Portela e Pixinguinha. 

 

Ingressou na pintura já consagrado na carreira musical e no samba. Participou de mostras e exposições de relevância nacional e internacional. Em 1951, recebeu prêmio na I Bienal de Arte de São Paulo na categoria pintura nacional. Em 1953, participou com obras em sala especial da II Bienal de São Paulo. Em 1961, expôs no Museu de Arte Moderna do Rio (MAM-RJ). Em 1966, em seu último ano de vida, participou do I Festival de Artes Negras em Dakar, no Senegal. 

 

Haroldo Costa, curador da exposição junto com Raquel Barreto e Pablo León de La Barra, esteve com Heitor dos Prazeres em Dakar: “Heitor foi, em sua época, o que viríamos a denominar, hoje, artista multimídia. Uma grande satisfação poder apresentar a trajetória desse extraordinário criador e sua obra pioneira, elegante e surpreendente para o grande público do CCBB RJ”. 

 

A obra de Heitor dos Prazeres ficará exposta em 10 salas do CCBB RJ divididas por núcleos. Foram selecionadas canções de sucesso do artista para reprodução em som ambiente nas salas. 

O núcleo “Paisagens, territórios e cartografias de Heitor” abre a exposição reunindo paisagens pintadas pelo artista, o que inclui o norte fluminense ruralizado, a formação dos subúrbios e das 

favelas e algumas cenas rurais do início do século XX, onde hoje estão localizadas as zonas Norte e Oeste do Rio. 

Em seguida, o núcleo “Um pintor extraordinário” é dedicado exclusivamente à pintura, destacando o domínio da técnica e a consciência estética do artista. A vida da população negra no século passado está no núcleo “Heitor dos Prazeres, um pintor da vida moderna negra”, onde há obras sobre feiras e fábricas, relações afetivas, brincadeiras e jogos, a boemia e a malandragem. Há o núcleo “O pintor e a modelo”, e a vivência na casa de Tia Ciata, o carnaval, as rodas de samba e a religiosidade de matriz africana no núcleo “África em miniatura”. 

Além da abertura e dos núcleos descritos acima, a exposição é composta ainda pelos núcleos “Ballet do IV Centenário + obra + mobiliário”, “Cronologia 1888-1937”, “Cronologia “1938-1954” e “Cronologia 1955-1966”. 

 

Também são destaque as obras expostas por Heitor dos Prazeres em três bienais, eventos considerados os mais importantes no mundo da arte, como “Candango” (1950), que participou da I Bienal de Artes de São Paulo, “Praça XV”, que compôs o histórico I Festival de Artes Negras, no Senegal, em 1966, e “A mulher abstrata” e “Jogadores de sinuca”, que estiveram na VI Bienal de São Paulo. Acervos que dificilmente deixam os museus também estarão na exposição “Heitor dos Prazeres é meu nome”. Entre eles estão obras vindas do Museu de Arte de São Paulo (MASP), da 

Pinacoteca de São Paulo, do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), do Museu Castro Maya (“Praça XV” virá desse museu totalmente restaurada) e do Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro). Quatro quadros de Heitor dos Prazeres, da coleção de Gilberto Chateubriand, estarão na mostra. 

Outros destaques da mostra são as obras “O sonho” (1939), a mais antiga da exposição, e “Caboclo”, do início da década de 40. 

 

O mobiliário do artista e os quadros “O sonho” e “Caboclo” foram emprestados pela família, assim como os estudos e desenhos de Heitor dos Prazeres. 

O figurino do balé do IV Centenário produzido por Heitor dos Prazeres - e totalmente restaurado - será exposto ao público pela primeira vez. 

Horário de funcionamento:

Quarta  – Segunda: 9h às 20h

CCBB – Rio de Janeiro

Rua  Primeiro de Marçom 66 – Centro – Rio de Janeiro, RJ

Installation Views
Obras