Biografia [Biography]

Paulo Roberto Leal (Rio de Janeiro, 1946 – Rio de Janeiro, 1991) trabalhou com pintura ao mesmo tempo que se manteve em constante experimentação com materiais e suportes não convencionais ao longo de sua carreira. Iniciou sua prática artística no final dos anos 1960, paralelamente ao seu trabalho como economista no Banco Central. A partir do início da década de 1970, desenvolveu uma produção marcada pelo rigor formal e pelo interesse nas qualidades plásticas do papel, aprofundando-se de modo autodidata na investigação dos limites da pintura e da visualidade construtiva.

Sua obra é atravessada por uma pesquisa contínua em torno da materialidade do suporte e dos processos repetitivos e modulares. Utilizou com frequência papéis kraft e papéis nobres, tecidos costurados e caixas acrílicas, criando objetos e composições que questionam as fronteiras entre pintura, escultura e instalação. Séries como ArmagensDes-mov-emArmaduras e Cartas revelam o interesse de Leal pela efemeridade, pela articulação entre cor, estrutura e espaço, e pelo diálogo entre o construtivo e o conceitual. Em 1984, atuou como curador, ao lado de Marcus de Lontra Costa e Sandra Magger, da histórica mostra Como vai você, Geração 80?, realizada na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro — marco fundamental da arte brasileira daquela década.

Ao longo dos anos 1980, Leal intensificou seu trabalho com a cor e passou a integrar em suas obras referências ao espaço urbano e à arquitetura, como visto em Regata (1985) e em trabalhos das séries Habitantes e Fachadas. Mesmo mantendo uma trajetória paralela como funcionário público, construiu uma obra singular, pautada por uma linguagem entre o construtivo, o sensível e o poético.

Após sua morte precoce, foi criado em 1993 o Projeto Concreto/PRL, por iniciativa de Roberto Pontual, Armando Mattos e Manfredo de Souza Netto, com o objetivo de preservar e difundir sua obra. Em 1995, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio) implantou o Centro de Referência Iconográfica e Textual Paulo Roberto Leal, com a documentação deixada pelo artista sob a guarda de Armando Mattos.  

Paulo Roberto Leal participou da Bienal de Veneza em 1972 e 1980, ocasião em que teve destaque especial, além da 11ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1971, onde foi premiado. Entre as exposições inidivuais e coletivas recentes em que seu trabalho foi apresentado, destacam-se: Estado bruto (Coletiva, MAM Rio, Rio de Janeiro, 2021); Casa carioca (Coletiva, MAR, Rio de Janeiro, 2021); Espaços articulados (Individual, Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2015); As If Sand Were Stone: Contemporary Latin American Art from the AGO Collection (Coletiva, Art Gallery of Ontario, Toronto, 2017);Sensitive Geometries (Coletiva, Hauser & Wirth, Nova York, 2013);Da matéria nasce a forma (Individual, MAC Niterói, 2007).

Suas obras integram importantes coleções públicas, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói) e a Art Gallery of Ontario (Toronto, Canadá). Entre os principais prêmios que recebeu ao longo da carreira estão o Prêmio Bienal de São Paulo (1971), Prêmio de Aquisição do Salão Nacional de Arte Moderna (1970) e o Prêmio de Aquisição do Salão Nacional de Artes Plásticas (1982).

Obras [artworks]
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