Cais: curadoria: Alana Silveira e Tomás Toledo
Cais é a exposição coletiva que inaugura a sede de Salvador da Galatea, galeria fundada em 2022 em São Paulo, que escolheu a capital do Estado da Bahia e primeira capital do Brasil para sua morada fora do Sudeste.
Estar em Salvador parte do desejo da galeria de ampliar o seu público para além do contexto sudestino e expandir suas trocas e conexões com artistas, curadores e intelectuais sobretudo do Nordeste, mas também para outros locais além do eixo Rio-São Paulo. Nesse sentido, este gesto reflete e rearticula os pilares conceituais fundadores do programa da Galatea: ser um ponto de fomento e convergência entre culturas, temporalidades, estilos e gêneros distintos, gerando uma fricção, um embaralhamento e uma mistura entre o antigo e o novo, o canônico e o não-canônico, o formal e o informal, o erudito e o popular.
O título Cais nos remete às ideias de deslocamento, de viagem, de troca e de intercâmbio, que envolvem o conceito da chegada da Galatea em Salvador e, ao mesmo tempo, remetem à localização da galeria. Situada no térreo do edifício de arquitetura modernista Bráulio Xavier (que abriga um importante painel de Carybé, artista argentino radicado em Salvador), localizado na rua Chile, a primeira rua do Brasil, a galeria encontra-se na região do antigo Portal de Santa Luzia, uma das portas de acesso de Salvador no período em que era murada, que ligava o porto (cais) à cidade alta pela Ladeira da Conceição da Praia. Este último logradouro, por sua vez, é o local onde se encontra a oficina de José Adário, o ferreiro de ferramentas de orixá mais antigo em atividade na cidade de Salvador. Zé Adário foi o artista escolhido pela Galatea para inauguração de seu espaço em São Paulo, onde o artista realizou a primeira individual de sua carreira.
O recorte curatorial parte justamente dessa relação estabelecida com a obra de José Adário e o contexto cultural e geográfico em que ela está inserida e agrega os demais artistas nordestinos representados e trabalhados pela Galatea — Aislan Pankararu, Chico da Silva e Miguel dos Santos — para a partir de elementos e temas-chave da produção destes artistas derivar os conteúdos dos quatro núcleos que constituem a mostra: Fantasias de fauna e flora; Geometrias afro-indígenas e brasileiras; Representações da religiosidade e cultura afro-indígena e brasileira; e seu subnúcleo Máscaras Expandidas, localizado na sala do cofre.
Justapondo e friccionando nomes históricos e contemporâneos, artistas de formação tradicional e autodidata, a exposição conta com obras de 60 artistas nascidos ou radicados no Nordeste e organiza-se em torno de três temas chave: a estratégia da representação fantasiosa e estilizada da fauna e flora brasileira; as diversas elaborações e usos da abstração no contexto do Brasil, passando pelo modernismo, pelas raízes indígenas e afro-brasileiras; as representações da rica e complexa religiosidade do nosso país, mesclando imagens e referências das religiões de matriz africana com as do catolicismo popular.
Desta forma, Cais pede licença para chegar em Salvador e convida para conhecer seus trabalhos e suas histórias.
Curadoria: Alana Silveira, diretora, Galatea Salavador; e Tomás Toledo, sócio-fundador, Galatea.
A Galatea agradece imensamente a todos os artistas participantes da exposição, bem como aos colaboradores, emprestadores e galerias parceiras: Acervo Galeria de Arte, Ademar Brito, Alban Galeria, Antonio Mantovani, Ayrson Heráclito, Beny Palatnik, Cadeh Juaçaba, Carlos Rodrigues, Galeria Base, Galeria Leme, Galeria Luisa Strina, Guilherme Simões de Assis, Henrique Miziara, Leonel Mattos, Lima Galeria, Luiz Fernando Pontes, Márcio Gobbi, Max Perlingeiro, Paula Bergamin, Pinakotheke Cultural, Portas Vilaseca Galeria, Rafael Moraes, Rebeca Carapiá, Rodrigo Parente, RV Cultura e Arte, Sé Galeria e ZUMVÍ – Arquivo Afro Fotográfico.
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- Martinho Patrício, Nem tudo que faço sei o que é, mas entendo profundamente, 2023
- Lázaro Roberto, Detalhes da roupa e colares de uma senhora da Irmandade da Boa Morte, 1999
- José Ignácio, Almira, 2022-2023
- João Alves, Sem Título [Untitled], 1963
- Louco, Oxalufã, s.d [n.d]
- Edsoleda Santos, Banho de Pipoca ao redor da Igreja de São Lázaro, 2012
- Bauer Sá, Fighting Cock, 1991
- Adriano Machado, Baratino (William com carneiro e faixa da Defesa Civil), 2018
- Elias Santos, Sem Título [Untitled], s.d. [n.d.]
- Abraham Palatnik, Progressão em Jacarandá, 1966
- Armando Sá, Sem Título [Untitled], 1950-60 [1950-60s]
- Mário Cravo Júnior, Gato, s.d. [n.d.]
- José de Freitas, Sem Título [Untitled], 1968
- Miguel dos Santos, Brasil Tupi, 2005
- Agnaldo Manuel dos Santos, Mãe e filho, s.d. [n.d.]
- Marlene de Almeida, Terra roxa II, 2022
- Ayrson Heráclito, Juntó (Iemanjá com Omolu - Xaxará com Abebé), 2024
- Galeno, Na Paz, 2020
- Marepe, Radiador, 2022
- Martinho Patrício, Sem Título [Untitled], 2006
- José Bezerra, Sem Título [Untitled], s.d [n.d]
- Genaro de Carvalho, Sem título [Untitled], Década de 1960 [1960s]
- Dinho Araujo, Chefe de matança (Pai Francisco), 2023
- Agnaldo Manuel dos Santos, Figura, s.d [n.d]
- Ana Fraga, Oferenda de mim mesma, 2018
- Lucas Cordeiro, Abraço, 2021
- Adriano Machado, Baratino (William com galo e ráfia), 2018
- Adenor Gondim, Barraca de Festas de Largo da Bahia, s.d. [n.d.]
- Luciano Figueiredo, Teia branca, 2018
- Marlene de Almeida, Tempo fugaz, s.d. [n.d.]
- Davi Rodrigues, Sem título, da série Máscaras do Recôncavo Baiano, 2019-2023
- Tiago Sant’Ana, Nós (Gesto #7), 2021
- Martinho Patrício, Nem tudo que faço sei o que é, mas entendo profundamente, 2023
- Martinho Patrício, Rubi 01, 2023
- Bruno Novelli, Peixes e Lua, 2023
- Mestre Dicinho (Adilson Carvalho), Galo, 2002
- Ariano Suassuna, O Sono e o Mito, 1987
- Thiago Costa, Cobra de Duas Cabeças, 2023
- Nilda Neves, Terreiro, s.d. [n.d.]
- Francisco Brennand, Lagartas, 1967
- Antônio Bandeira, Campos Queimados, 1964
- Mestre Didi, Sem título [Untitled], s.d [n.d]
- José Adário dos Santos, Sete Catacumba, Década de 1990 [1990s]
- Miguel dos Santos, Máscara, 1976
- Elisa Martins da Silveira, Festa Junina, 1967
- Grauben do Monte Lima, Paisagem com pássaro amarelo, 1968
- Rubem Valentim, Composição 1, 1959
- José Adário dos Santos, Tranca Rua Escravo de Ogun, s.d [n.d]
- Aislan Pankararu, Restabelecimento do amor, 2023
- Emanoel Araújo, Sem Título [Untitled], c. 1980
- Emanoel Araújo, Sem Título [Untitled], c. 1980
- Miguel dos Santos, Marajó, Década de 1990 [1990s]
- Antônio Maia, Contemplantes, 1975
- Aislan Pankararu, Ancestral silence, 2023
- José Tarcísio Ramos, Relicário da seca, 2013
- Chico da Silva (Francisco Domingos da Silva), Sem título [Untitled], s.d. [n.d.]
- Miguel dos Santos, Guerreiro com Tatu, Década de 1980 [1980s]
- Jayme Fygura, Sem título [Untitled], 2023
- José Tarcísio Ramos, Sem título [Untitled], 1968
- José Adário dos Santos, Ferramenta de Ogum Onirê, 2022
- Chico da Silva (Francisco Domingos da Silva), Sem título [Untitled], Década de 1960 [1960s]
- Montez Magno, Sem título, da série Barracas do Nordeste [Untitled, from the series Barracas do Nordeste], 1972
- Montez Magno, Sem título, da série Barracas do Nordeste [Untitled, from the series Barracas do Nordeste], 1972
- Montez Magno, Sem título, da série Barracas do Nordeste [Untitled, from the series Barracas do Nordeste], 1972
- Montez Magno, Sem título, da série Barracas do Nordeste [Untitled, from the series Barracas do Nordeste], 1972
- Montez Magno, Sem título [Untitled], 1968
- Montez Magno, Sem título [Untitled], 1968
- Montez Magno, Sem título [Untitled], 1968
- Aurelino dos Santos, Sem título [Untitled], 1996
- Manuel Messias dos Santos, Sem título, da série Via Sacra [Untitled, from the series Via Sacra], c. 1979
- Tunga, Sem título, da série From La Voie Humide [Untitled, from the series From La Voie Humide], Década de 2000 [2000s]